Falar de Carl Barks (1901-2000) é lugar comum, chover no molhado. Milhares de biografias sobre ele pupulam na Internet, e podem ser certamente consultadas a qualquer tempo. O único quadrinista que é indubitavelmente uma unanimidade (nada burra), era um artista completo: Roteirizava, arte finalizava e criava os diálogos de todas as suas produções.
Barks, foi o principal culpado por ter tornado tão popular os personagens que desenhou, e muito dos quais foi o criador.
Um homem que não se formou na educação regular, conseguiu adquirir boa parte de sua cultura dos livros que amava, e do seu grande poder de observação. Crítico sagaz das relações humanas, soube como ninguém extrair dessas relações permeadas de ironias, descaminhos, incongruências, moralismo e arrogância, boa parte de suas histórias.
Calcado nos seus amados exemplares de National Geographics, Barks nos deliciou com centenas de belas histórias ambientadas em todos os recantos do mundo moderno e antigo. Sua capacidade de criar roteiros românticos e recheados de aventuras e perigos aos nossos heróis, o tornou uma fábrica inesgotável de sonhos.
Criou personagens únicos e inesquecíveis como Gastão, Margarida, Metralhas, Pardal, Maga Patalógica, Mac Môney entre vários outros, cada um com uma personalidade característica e crível.
Em sua magistral criação, Tio Patinhas, Carl parece esgotar toda a diversidade de conflitos e certezas que a natureza humana é capaz, e destilá-la na figura de um pato inverossímel, rico e opulento, e parece querer dizer algo sobre as insatisfações humanas.
Concordo plenamente com Leonardo Vinhas em seu ótimo "Carl Barks, o gênio que reinventou o pato" quando diz: "O melhor no texto de Barks era seu humor imprevisível. Apesar das intrincadas sagas envolvendo tramas históricas e do cinismo irônico que era empregado contra o materialismo rutilante dos americanos, nada era tão soberbo quanto sua finesse e mordacidade para criar frases de efeito ou finais fascinantes.
Interessante em Barks, é identificar entre seus muitos fãs, algumas centenas de "melhores histórias" sem que isso cause qualquer conflito, uma vez que nenhum deles saber dizer com paixão, qual delas é a melhor! Eu fico entre "Meu reino por uma ampulheta" e "As minas do rei Salomão".
Barks deixou alguns discípulos como Don Rosa, Tony Strobl e William Van Horn, Daan Jipes, Victor Arriagada Rios, Romano Scarpa, Giorgio Cavazzano e Marco Rota. Mas sem dúvida nos faz grande falta, num mundo cada vez mais globalizado e sem graça.
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