O gaúcho Renato Vinicius Canini, nascido em 1936, dono de um traço bastante característico, foi um artista fundamental na vida do Zé Carioca.
Foi pelo lápis de Canini, DESENHANDO roteiros desenvolvidos por vários autores, que "vieram à luz", por exemplo, os primos do Zé Carioca: Zé Paulista (em "O Leão que Espirrava", de 1971), Zé Jandaia e Zé Pampeiro (em "Herdeiros Trapaceiros", de 1972), Zé Queijinho, e sua cabra Gabriela (em "O Misterioso Capitão do Pérola Negra", de 1973), e Zé Baiano (em "Zé Baiano", de 1981), além de outros personagens marcantes no universo do papagaio, como o Afonsinho (em "A Escola de Detetives", de 1975) e o Pedrão (em "Resultado 'Chutado'", de 1973).
Canini foi responsável também pelo desenho de alguns personagens secundários mas que apareceram algumas vezes nas histórias do Zé, como o Barão de Bazófia (em "O Misterioso Barão de Bazófia", de 1973), os Astronautas de Tucânia (em "O Astronauta de Tucânia", também de 1973) e o Dentinho (primórdios do Afonsinho, em "Confusão no Arrasta-Pé", de 1972). Também desenhou a primeira história do Dr. Q.I. Mundo (inimigo do 00-Zéro, em "00-Zéro Contra o Terrível Dr. Q.I. Mundo e sua Fumaça de Tal", de 1980).
Porém, a grande contribuição de Canini para o universo do papagaio foi, como desenhista, trazê-lo definitivamente para o Brasil, ambientando as histórias no Rio de Janeiro, criando, para isso, o visual da já famosa Vila Xurupita, onde moram atualmente o Zé Carioca, o Nestor, o Pedrão, o Afonsinho e todo o pessoal.
Depois disso, surgiram, também pelo lápis de Canini, a Agência Moleza, agência de detetives criada pelo Zé e pelo Nestor (em "Os Detetives da Moleza", de 1973), e o Vila Xurupita Futebol Clube (em "Zé Pelé", de 1974), time de várzea, onde o Zé bate uma bolinha de vez em quando.
Canini participou, ainda, de outras estréias importantes, como a primeira história da do alter-ego do Zé, em "O Morcego Verde", de 1975, e a estréia da ANACOZECA (a Associaçâo Nacional dos Cobradores do Zé Carioca), na história "O Importante é Cobrar", de 1976.
Além de todas as histórias mencionadas acima, são dignas de nota "O Leão que Espirrava" (primeira história desenhada por Canini), "A Maior Corrida do Século", "O Pior Futebol do Mundo", "Bem-vindo ao Vale do Sossego!", "Zé Carioca na Terra dos Tasca-Lasca", "Um Papagaio Fora de Órbita", "Um Paulista na Corte do Rei Momo", "O Grande Conto do Vigário", "Fórmula Zée-ro", "Zé Carioca Encontra Texas Bill", "Robin Grude", "Zé Carioca na Legião Estrangeira", "Zé das Selvas" e "Zé Borg, o Papagaio de Milhões de Dívidas".
A última história desenhada por Canini, enquanto "na ativa", foi "O Fiscal", de 1983. Posteriormente, Canini roteirizou algumas histórias, que foram ilustradas por outros desenhistas. Recentemente, em 2005, Canini escreveu e desenhou a história "O Código da Trinta", especialmente para a quinta edição de Mestres Disney, dedicada a ele.
Pesquisa, Tradução e Montagem da BIO
Paulo Ricardo Abade Montenegro
Colecionador e Especialista em Gibis
Em 30 de outubro de 2013, uma quarta-feira, Renato Canini faleceu na cidade de Pelotas (RS). O motivo de sua morte foi um “mal súbito” não identificado. Canini foi sepultado no dia seguinte – 31 de outubro de 2013, quinta-feira – no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paulo, Capela B, na mesma cidade de Pelotas.
A perda de Renato Canini foi lamentada por uma legião de fãs de todo o Brasil que, por décadas, acompanharam a sua produção de quadrinhos, em particular com histórias do Zé
Carioca, o personagem Disney brasileiro por excelência.
Adendo de texto:
Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo
Ainda sobre Canini, é sempre bom apontar a opinião de quem esteve em estreita relação com o mundo das HQs, e cujo pai (Ivan Saidenberg) foi figura importantíssima e parceiro. A respeito dele, Lucila Saidenberg escreveu:
"O Canini abrasileirou a imagem física do personagem, “despiu” o Zé do pesado paletó de mangas compridas e o apresentou vestindo calça jeans e camiseta branca, num estilo bem mais tropical.
“Tropical”, aliás, é uma palavra que define perfeitamente todo o desenho do Mestre Canini nas páginas do Papagaio Carioca. Além das casinhas de madeira precariamente equilibradas nas rochas nos altos dos morros do Rio de Janeiro, as representações que ele fazia da vegetação brasileira, das matas onde algumas aventuras do Zé acontecem e dos bichos que as habitam, era de tirar o fôlego. São páginas para se ler com uma lente de aumento na mão, e não pelo tamanho das letras nos balões."