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Fioroni, José Rodrigues


Fioroni, José Rodrigues José Fioroni Rodrigues nasceu na cidade de Santa Rita do Passa Quatro em 4 de outrubro de 1926. Como muitos "interioranos", migrou para São Paulo, Capital, onde se estabeleceu e onde cursou uma faculdade, cujo curso não se sabe qual foi.
Na década de 1950, com seus vinte e poucos anos de idade, começou a trabalhar como tradutor na Editora La Selva, para histórias de faroeste, terror, etc. Foi lá que ele conheceu o Igayara (vide Biografia de Waldyr Igayara de Souza) que o levou mais tarde para a Editora Abril. Na Abril ele trabalhou em dois períodos.
O primeiro (e mais importante para nós fãs) foi no início dos anos 1960, quando ele batizou três personagens Disney, como veremos em suas Características.
O segundo foi a partir do início dos anos 1970 (depois que a La Selva fechou) quando ele traduziu "Jornada nas Estrelas" (meados dos anos 1970), "Heróis da TV" (da Hanna-Barbera, entre 1975 e 1977), "O Gordo e Magro", "Faísca e Fumaça" e etc.
No quesito Quadrinhos Disney da Abril, ele traduziu praticamente tudo que foi publicado no Brasil entre as décadas de 1970 e até meados dos anos 1990, seja do inglês, francês ou do italiano.
Qualquer história Disney, publicada nesse período, a tradução é, com 99,9% de certeza, feita por ele. Dessa época, já pode-se ler nos expedientes dos gibis Disney, na lista de colaboradores, tradução: José Fioroni Rodrigues ou José F. Rodrigues.
Fioroni foi um poliglota auto-didata. Traduzia do inglês e do italiano (idiomas sobre os quais ele tinha total domínio) e também traduzia do francês, que conhecia um pouco menos. Do francês, por exemplo, ele traduziu o livro "Shazam - Histórias em quadrinhos e comunicação de massa", publicado pelo MASP em 1970.
Das épocas de suas colaborações na Editora Abril, podemos citar os depoimentos de dois de seus contemporâneos:
Júlio de Andrade disse:
"Trabalhei com o Fioroni muitos anos, ele era uma figuraça, vinha sempre com uma piada e a gente ouvia - mesmo sendo velha - porque a gargalhada com que ele finalizava sua história era muitas vezes melhor que a própria piada. Todo mundo na redação ficava esperando o final, ele gargalhava (UAH-HA-HA-HA) e todo mundo ria junto, imitando. Era hilário! É... isso, vai ser uma justa homenagem ao velho Fioroni".
Marcelo Alencar disse:
"Sim, conheci o Fioroni, que traduzia quadrinhos Disney pra "Abril Jovem", embora ele fosse funcionário da "Editora". Na época em que trabalhei lá o cara ficava em casa, e não na redação. Aparecia de tempos em tempos pra entregar textos (naquele tempo era tudo datilografado e não havia e-mail) e confraternizar com os amigos. Fã de faroeste, ele fazia parte de uma espécie de clube de caubóis.Também curtia imitar a introdução do programa radiofônico do Sombra, aquele que falava "do mal que se esconde no coração dos homens". Ele sempre concluía suas exibições com a gargalhada sinistra do personagem."
Fioroni era também cinéfilo e grande conhecedor do cinema japonês.
Além de cinéfilo ele era, claro, "quadrinhófilo" e gostava de todos os gêneros de quadrinhos.
Era grande fã e conhecedor da obra de Carl Barks (e, como disse Paulo Vasconcelos: "...lembro da triste noite de agosto de 2000, quando ele me ligou informando da morte do nosso grande ídolo... Carl Barks").
Além disso ele tinha grande conhecimento da história dos quadrinhos no Brasil (inclusive escrevia sobre isso na contracapa da revista "Crás!", da Abril).
José Fioroni se aposentou no início dos anos 2000 (com mais ou menos 74 anos de idade). Sempre foi solteirão e viveu com sua mãe até o início dos anos 1990, quando ela morreu. A partir de então (com 64 anos de idade) passou a morar sozinho em seu apartamento localizado na Rua Martins Fontes (região central da cidade de São Paulo).
Em seus últimos tempos de vida, afastado dos parentes, Fioroni andava doente (pois era cardíaco) e por fim desapareceu do convívio dos amigos. Desconfiados de alguma coisa errada os funcionários do condomínio arrombaram o seu apartamento e o encontraram morto há mais ou menos três dias, segundo as estimativas.
Por esse motivo há controvérsias na data de seu falecimento: Wilson Costa de Souza disse que foi em 10/12/2010, enquanto que Gonçalo Júnior disse que foi em 20/12/2010.
De qualquer forma, José Fioroni Rodrigues nos deixou no ano de 2010, com muitas saudades, e aos 84 anos de idade.
E finalizando, mais uma informação do Marcelo Alencar:
"Consta que ele deixou uma enorme coleção de quadrinhos, com destaque pros gibis underground das décadas de 1960 e 1970."
Quem ficará com esse tesouro?

Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo
Informações especiais e imprescindíveis: Paulo Vasconcelos, Júlio Andrade e Marcelo Alencar

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