Carl Barks é considerado mundialmente como o Mestre dos Mestres Disney, e isso decorre de vários fatos:
- Ele tinha um dos melhores e mais elegantes traços dentro do Universo Disney, principalmente para desenhar a Família Pato, na qual se especializou.
- Ele não era só desenhista, mas também roteirista de praticamente todas as suas histórias. E como roteirista ele tinha um domínio muito grande sobre diversos temas, sobre a história e a geografia e acima de tudo um humor muito fino.
- Ele criou vários personagens, ampliando a galeria da Família Pato.
- Ele trabalhava em sua própria casa e tinha assim uma grande liberdade (embora não ilimitada) para criar.
Para entendermos as características de Barks, devemos abordar os dois lados de sua obra: roteiro e desenho.
No quesito roteiro, podemos, grosso modo, separá-los em dois grandes grupos: grandes aventuras e comédias do dia-a-dia.
"O Tabu das Pérolas Negras" (Revista Zé Carioca, no. 631, de 1963)
Dentro do grupo grandes aventuras veremos os Patos viajando pelo mundo todo, como no exemplo acima, geralmente financiados pelo Tio Patinhas - a maior criação de Barks - em sua eterna busca por tesouros. Observe-se as ondas do mar, o vulcão em erupção e as expressões faciais dos patos, como prova da qualidade do desenho de Barks.
Nesta história, em particular, Barks se superou pois conseguiu reunir quase todas suas maiores características, à saber:
- Aparece somente a Família Pato (Tio Patinhas, Donald, Huguinho, Zézinho e Luisinho) sem mais nenhum personagem coadjuvante.
- O Tio Patinhas mostra sua melhor face, pois busca um tesouro com ganância, mas por outro lado, não perde sua bondade.
- Donald atua como um verdadeiro herói... valente e abnegado.
- Os Três Patinhos "salvam o dia" com a ajuda do infalível Manual dos Escoteiros-Mirins, criação espetacular de Barks.
- E por fim, embora não pareça no início, é uma História de Natal, com lição de moral e final feliz.
"Mestre Vidraceiro" (Revista Pato Donald, no. 448, de 1960)
Dentro do grupo comédias do dia-a-dia veremos geralmente o Donald tentando acertar o caminho do sucesso e não conseguindo nada no fim, como no exemplo acima, e sempre em conflito com seus sobrinhos Huguinho, Zézinho e Luisinho. Observe-se as casas ao fundo e a personagem coadjuvante, típicos de Barks.
"Qual o Mais Rico do Mundo?" (Revista Mickey, no. 104, de 1961)
No exemplo acima, primeira história onde aparece o Pão-Duro McMôney, personagem que Carl criou para competir com o Tio Patinhas, podemos observar o movimento sensacional que ele conseguia imprimir aos personagens. Observe-se o andar de Donald e toda a agilidade do Tio Patinhas com sua bengala.
"A Cidade do Ouro" (Revista Tio Patinhas, no. 31, de 1968)
Falando de Tio Patinhas, outra característica de Barks é iniciar as histórias de grandes aventuras com o Pato Mais Rico do Mundo dentro de sua Caixa-Forte e mergulhado em seu dinheiro, como no exemplo acima, única história onde aparece esse mordomo.
"O Poço de Dinheiro" (Revista Tio Patinhas, no. 21, de 1967)
Já neste outro exemplo acima podemos observar a famosa Caixa-Forte de Tio Patinhas, sensacional criação de Barks, que comporta em suas palavras "um acre cúbico de dinheiro", vista pelo lado de fora, situada no centro do terreno no alto da Colina Mata-Motor, em Patópolis, cidade dos Patos, também criada por Carl.
"O Felizardo do Pólo Norte" (Revista Tio Patinhas, no. 39, de 1968)
Gastão, o primo sortudo, foi outro personagem criado por Barks para se contrapor à Donald. No exemplo acima podemos observar a fantástica movimentação dos dois em uma de suas costumeiras discussões que acabam se degringolando em luta corporal magistralmente desenhada por Carl.
"O Caso do Dinheiro Pegajoso" (Revista Tio Patinhas, no. 1, de 1963)
Para perturbar a vida do Tio Patinhas, Carl Barks criou uma quadrilha de ladrões, todos irmãos, os Metralhas, como podemos ver no exemplo acima, história escolhida por ter sido apresentada na primeira revista dedicada ao Velho Pato, publicada no Brasil. Observe-se que os Irmãos Metralhas aparecem sempre com o uniforme de presidiários e com máscaras pretas escondendo os rostos. Eles também não tem nomes individuais, mas números de identificação da cadeia, em placas nos peitos. Esses números são sempre uma combinação de 1, 6 e 7.
"A Primeira Moeda do Tio Patinhas" (Revista Pato Donald, no. 568, de 1962)
Outro personagem criado por Carl Barks, já tardiamente em sua carreira, para tirar a paz da vida do Tio Patinhas, foi a feiticeira italiana Maga Patalójika que precisa conseguir a Primeira Moeda que o Velho Pato teve, para fundi-la em uma amuleto da fortuna nas lavas do Vulcão Vesúvio, como podemos ver no exemplo acima, sua primeira aparição. Claro que Maga nunca consegue realizar o seu intento, mas como vilã ela é sensacional e sempre muito elegante e charmosa com seu vestido "pretinho básico", com seus sapatos de salto alto, com seus cabelos negros e lisos e com seus olhos sempre bem maquiados.
"O Tira Prosa" (Revista Pato Donald, no. 468, de 1960)
Mais um personagem fabuloso da galeria criada por Barks é o fantástico inventor Professor Pardal, que vemos no exemplo acima, na primeira história onde aparece sua famosa carretinha para vender "inventos fresquinhos à domicílio". Nesse exemplo também podemos ver o engraçadíssimo Lampadinha, pequeno ajudante do Pardal que sempre protagoniza, ao fundo, uma outra história paralela, característica marcante de Barks nas histórias desse inventor.
A produção de Barks foi tão grande que se constitui um trabalho hercúleo discorrer sobre ela, por isso aqui apresentamos apenas alguns exemplos visando a ajudar a identificar a sua obra... monumental! Em todos os sentidos!
Após sua aposentadoria, Barks continuou produzindo de forma febril, só que por prazer, pintou centenas de lithografias e óleos dos seus patos imortais. A primeira delas foi a lithografia "Sailing the spanish main". Atualmente suas obras alcançam facilmente a casa dos milhares de dólares.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo
Revisão: Divictor
Esquiloscans Administrator