Renato Vinicius Canini é considerado um Mestre Disney brasileiro pela própria Editora Abril que a ele dedicou o quinto volume da série que recebeu exatamente esse título: Mestres Disney. Canini só roteirizou, só desenhou ou roteirizou e desenhou, especialmente histórias com o personagem Zé Carioca - embora não exclusivamente - para o qual criou uma família de coadjuvantes.
"O Leão Que Espirrava" (Revista Zé Carioca, no. 1.015, de 1971). Acima, a primeira história com roteiro e desenho de Canini, onde ele também apresentou pela primeira vez Zé Paulista, o primo de São Paulo de Zé Carioca. Observe-se o Zé com o visual consagrado por Jorge Kato: chapéu palheta, paletó marrom e calça azul.
"Herdeiros Trapaceiros" (Revista Zé Carioca, no. 1.085, de 1972). Neste exemplo acima, com roteiro de Ivan Saidenberg, a primeira aparição de Zé Jandaia, o primo cearense, e Zé Pampeiro, o primo gaúcho, personagens característicos dessas histórias bem brasileiras desenhadas por Renato. Observe-se a perspectiva do quadro inicial - desenho quase caricato, típico de Canini, assim como os personagens coadjuvantes bem narigudos.
"O Comprador de Bondes" (Revista Almanaque Disney, no. 59, de 1976). Mais um exemplo com roteiro de Ivan Saidenberg, onde foi apresentado o personagem Zé Queijinho, o primo mineiro de Zé Carioca, e sua cabra Gabriela. Observe-se que aqui o Zé Carioca já se apresenta sem paletó, apenas de camiseta branca, mas ainda de chapéu palheta. O desenho caricato está presente inclusive no último quadrinho da página, onde aparecem alguns bondes.
"Zé Baiano" (Revista Zé Carioca, no. 1.531, de 1981). Acima, com roteiro de Renato Canini, mas com desenho de Roberto O. Fukue - claramente um discípulo dele - vê-se a primeira aparição de Zé Baiano, o primo da Bahia de Zé Carioca. Aqui o Zé já está bem modernizado usando somente a camiseta branca. O estilo de Fukue, embora influenciado por Canini, é menos caricato que o dele.
"O Astronauta de Tucânia" (Revista Zé Carioca, no. 1.155, de 1973). Neste exemplo, com desenho de Renato Canini, um roteiro clássico do também gaúcho Oscar Kern, onde apresenta-se o personagem Astronauta de Tucânia. Atente-se mais uma vez para o aspecto caricatural do traço.
"00ZÉro e Pata Hari contra o Terrível Dr. Q. I. Mundo e sua Fumaça de Tal" (Revista Tio Patinhas, no. 185, de 1980). Neste outro exemplo, uma história do personagem 00ZÉro com roteiro de Canini onde ele apresenta o vilão Dr. Q. I. Mundo. Neste caso também com desenho de Roberto O. Fukue, mais caprichoso que o seu mestre. É importante notar a extrema comicidade dos roteiros de Renato, tanto em histórias desenhadas por ele como desenhadas por outros.
"O Morcego Verde" (Revista Zé Carioca, no. 1.217, de 1975). Neste exemplo acima, a primeira história do Super-Herói Morcego Verde, alter ego de Zé Carioca, extraordinária criação da dupla Ivan Saidenberg (roteiro) e Renato Canini (desenho). Observe-se a simplicidade dos cenários.
"ANACOZÉCA X Zé Carioca" (Revista Zé Carioca, no. 1.311, de 1976). Outro exemplo de história marcante da produção Disney nacional: a fundação da ANACOZECA (Associação Nacional dos Cobradores do Zé Carioca), divertidíssima criação da dupla Paulo de Paiva Lima (roteiro) e Renato Canini (desenho). A ANACOZECA iria aparecer em muitas outras histórias, depois desta introdução, e tornar-se-ia um ícone nas histórias nacionais do nosso papagaio.
"O Fiscal" (Revista Zé Carioca, no. 1.635, de 1983). Acima, a última história produzida por Canini durante sua época produtiva. Observe-se a evolução de seu desenho que está bem menos caricato do que no início.
"O Código Da Trinta" (Revista Mestres Disney, no. 5, de 2005). Finalizando, a história acima, que foi especialmente roteirizada e desenhada por Canini para a quinta edição da revista Mestres Disney - já citada - dedicada à ele. Trata-se de uma paródia extremamente hermética e surrealista - levemente baseada no livro "O Código Da Vinci" - que dizem estar recheada de simbologias marcantes para o próprio Renato Vinicius Canini (mas só compreendidas por ele mesmo), esse importante Mestre Disney brasileiro.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo