As histórias que marcaram a infância daqueles que cresceram lendo as revistas Disney-Abril tiveram, por trás dos desenhistas, roteiristas criativos (todos americanos nascidos na primeira metade do século XX), responsáveis por muitos dos sonhos e objetivos que nortearam as vidas dessas crianças de outrora.
Embora desconhecidos até agora, na verdade foram eles que expandiram a Galeria Disney criando novos personagens, criando personagens parentes dos já existentes e até criando vilões e inimigos inesquecíveis.
Também escreveram roteiros de histórias extremamente criativas, com muita ação, mistérios e comicidades, que marcaram várias gerações de leitores.
Esta introdução acima irá abrir o item de "Características" de todos os escritores e roteiristas das histórias em quadrinhos Disney, doravante aqui apresentados.
Don Christensen é um deles! Produziu roteiros com vários personagens da Galeria Disney, desenhados pelos melhores Mestres da Era de Ouro.
"Os Cães D"Água" (Revista Pato Donald, no. 352, de 1958). Neste primeiro exemplo, com traço do Mestre Jack Bradbury, uma história divertida onde Mickey & Sobrinhos, encontram uma tribo de cães inteligentes que tomam Pluto como um grande líder.
"Pipocas Que Valem Ouro" (Revista Pato Donald, no. 374, de 1969). Nesta história com Grilo Falante, no traço do Mestre Frank McSavage, uma lição de moral embutida em um conto engraçado, onde o Grilo toma posse de uma cabana de garimpeiro abandonada no bosque, salvando seus amigos das garras de uma raposa graças a "pipocas que valem ouro".
"O Rei da Elegância" (Revista Mickey, no. 74, de 1958). Da parceria de Don com Tony Strobl, surgiram dois tipos de histórias: cômicas ou instrutivas. Esta acima é uma história cômica onde Pateta ganha um concurso de "Rei" da elegância e coloca a todos em dificuldades ao tentarem corrigir sua natural deselegância. Na versão brasileira existe um engraçadíssimo galanteio que Pateta diz para uma dama com a qual está dançando: "senhorita gosta de dançar?... Sim?... Então por que não aprende?"
"Um Leão na Cidade" (Revista Pato Donald, no. 448, de 1960). Outra história divertida no traço de Tony Strobl, com roteiro baseado em um possível desenho animado: um selvagem leão africano é capturado para um zoológico, foge em Nova York e é tomado por membro do "Lions Club", uma famosa entidade filantrópica.
"Donald Na Matemagicalândia" (Revista Tio Patinhas, no. 19, de 1967), "A História do Dinheiro" (Revista Tio Patinhas, no. 30, de 1968). Acima, duas histórias de cunho instrutivo com desenho de Tony Strobl: na primeira Don nos conta a história e a evolução da Matemática; na segunda ele nos conta a história do Dinheiro. Em ambas, Christensen se utiliza dos patos para passar sua mensagem.
"Pluto no Circo" (Revista Tio Patinhas, no. 1, de 1963), "Pluto Vai à Caça" (Revista Mickey, no. 95, de 1960). Nestas histórias, com traço de Paul Murry, vemos Pluto se envolvendo em trapalhadas. No primeiro caso ele é sequestrado e vendido para um circo. No segundo caso ele "paga o pato" ao ir caçar patos com seu dono Mickey. Mais duas histórias cômicas de Christensen.
"Mickey O Super-Agente Secreto: Operação Unidade Invisível" (Revista Mickey, no. 168, de 1966), "Mickey O Super-Agente Secreto: Um Porta-Aviões no Céu" (Revista Mickey, no. 172, de 1967), "Mickey O Super-Agente Secreto: O Mistério Do Desfiladeiro Da Neblina" (Revista Mickey, no. 174, de 1967). Finalizando, com certeza, as três melhores histórias criadas por Don Christensen: os exemplos acima que compuseram a inesquecível "Trilogia da P.I.". Foram três únicas histórias em que Mickey e Pateta, no traço de Paul Murry, contracenaram com personagens humanos no traço de Dan Spiegle, numa série em que Don nos apresentou a "P. I." - Polícia Internacional - que combatia o crime em todo o mundo. As histórias foram claramente inspiradas em séries televisivas da época, que abordavam o tema de espionagem, vigente na chamada "Guerra Fria" entre os EUA e a URSS, tais como "O Agente da UNCLE" ou "O Agente 86". As histórias eram marcadas por muito suspense e aventura onde Mickey e Pateta dispunham de várias engenhocas - ao estilo "007" - para combater seus inimigos. Don Christensen se superou nesses roteiros. Lamentamos apenas o fato de terem sido apenas três, mas, só por isso ele já mereceria ocupar um lugar no pódio dos Grandes Mestres Disney.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo