As histórias que marcaram a infância daqueles que cresceram lendo as revistas Disney-Abril tiveram, por trás dos desenhistas, roteiristas criativos (todos americanos nascidos na primeira metade do século XX), responsáveis por muitos dos sonhos e objetivos que nortearam as vidas dessas crianças de outrora.
Embora desconhecidos até agora, na verdade foram eles que expandiram a Galeria Disney criando novos personagens, criando personagens parentes dos já existentes e até criando vilões e inimigos inesquecíveis.
Também escreveram roteiros de histórias extremamente criativas, com muita ação, mistérios e comicidades, que marcaram várias gerações de leitores.
Esta introdução acima irá abrir o item de "Características" de todos os escritores e roteiristas das histórias em quadrinhos Disney, doravante aqui apresentados.
Merrill De Maris é um deles! Produziu roteiros para mais de 50 histórias, contando somente as publicadas no Brasil. Além disso, criou um dos maiores vilões da Galeria Disney, de todos os tempos.
"Invasão de Animais" (Revista Pato Donald, nos. 26, 27 e 28, de 1952). Como primeiro exemplo, um roteiro cômico, estrelado por Donald, em parceria com o Grande Mestre Carl Barks. Só por isso, Merrill já poderia garantir seu lugar no Olimpo Disneyano, mas ele fez mais, muito mais, como veremos a seguir.
"Lá No Rancho Grande" (Revista Mickey, no. 25, de 1954) e "O Desfiladeiro Do Beco Sem Saída" (Revista Tio Patinhas, no. 8, de 1965). Neste exemplo, uma história criada por De Maris e duas vezes desenhada: a primeira vez por Gottfredson e a segunda vez por Murry. Creio que é um exemplo único de roteiro único desenhado por dois grandes Mestres Disney, cada um com seu estilo próprio, e os dois, grandes Mestres do personagem Mickey. Creio ter sido isto uma honra para De Maris.
"Álbum De Recordações Apresenta Mickey De Calças Curtas" (Revista Pato Donald, no. 90, de 1953). Esta história é um exemplo das inúmeras "one page" escritas por Merrill e desenhadas pelo Mestre Manuel Gonzales, numa demonstração da enorme criatividade de De Maris, em especial no quesito comicidade.
"Mickey Encontra Mancha Negra" (Revista Pato Donald, no. 18 de 1951, Revista Cinquentenário Disney, no. 1, de 1973, Revista Anos de Ouro do Pato Donald, no. 3, de 1988 e Revista Mestres Disney, no. 3, de 2005) " " (Revista Mickey, no. 147, de 1965).
De toda a obra de Merrill De Maris, sem dúvida sua melhor e maior criação foi o personagem-vilão Mancha Negra.
Gottfredson (vide características de Floyd Gottfredson) desenhou as primeiras histórias com esse bandido, mais tarde reaproveitado por Paul Murry (vide Características de Paul Murry).
No primeiro exemplo acima - primeira história do vilão - onde o Mickey ainda usa calção, pode-se observar como o Mancha tem um aspecto sinistro no traço de Floyd. Duas curiosidades dessa fase: a primeira é que, quando o Mancha foi desmascarado, Floyd desenhou seu rosto como uma caricatura de Walt Disney e a segunda é que a arte-final foi de Bill Wright (vide Características de Bill Wright), outro aprendiz que seria um futuro Mestre Disney.
No segundo exemplo acima - primeira história de Paul Murry, porém com roteiro desconhecido e não de Merrill - com reaproveitamento do vilão, já se observa o Mickey com seu terno vermelho e o chapéu de detetive, típico dos filmes dos anos 1950. Uma curiosidade dessa fase é que o Mancha, quando desmascarado, mostra ser o Pateta sob influência de auto-hipnotismo.
Merrill De Maris é, portanto, o responsável pela criação de um dos maiores vilões da Galeria Disney de todos os tempos.
Texto e pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo