Harvey Eisenberg é mais um Mestre Disney que apresenta muita semelhança com John Carey (vide Características de John Carey), Jack Manning (vide Características de Jack Manning), Roger Armstrong (vide Características de Roger Armstrong) e Kay Wright (vide Características de Kay Wright) pelas carreiras semelhantes. Todos são contemporâneos e todos trabalharam com vários personagens de origens variadas e não somente com a Galeria Disney. Harvey, porém se destaca por ser um artista excepcional da arte sequencial. Não é à toa que foi considerado em sua época um "Gigante dos Quadrinhos".Vejamos os exemplos, quase todos assinalados com "roteiro desconhecido", porém que supomos sejam do próprio Eisenberg, visto ele ter sido considerado o "Carl Barks dos Estúdios Hanna-Barbera" e todos sabemos que Barks criava seus próprios roteiros.
Primeiramente, uma sequência de histórias baseadas em desenhos animados.
"Mickey E O Pé De Feijão" (Revista Almanaque Disney, no. 3, de 1971). Como primeiro exemplo uma história com Mickey, Pateta e Donald, baseada em uma fábula infantil, apresentada no desenho animado "Como é Bom se Divertir" (Fun And Fancy Free). Observe-se a perspectiva do quadrinho inicial assim como a movimentação dos personagens.
"O Rebocadorzinho Agapito" (Revista Pato Donald, no. 223, de 1956). Como segundo exemplo uma história, baseada em um poema, apresentada no desenho animado "Apitinho, o Pequeno Rebocador" (Little Toot). Observe-se a dinâmica do personagem nos quadrinhos.
"Barrica Faz-se Ao Mar" (Revista Pato Donald, no. 340, de 1958). Como terceiro exemplo uma história com Capitão Gancho e Barrica, inspirada no desenho animado "Peter Pan" (Peter Pan). Observe-se qualidade do detalhamento da caravela no quadrinho inicial com os personagens bem destacados em seu convés.
"Bolhinha, A Sereiazinha - Uma História Do Lago Das Sereias" (Revista Pato Donald, no. 329, de 1958). Como quarto exemplo uma história, com Bolhinha - uma personagem inédita - também inspirada no desenho animado "Peter Pan" (Peter Pan). Observe-se a beleza das sereias apresentadas no quadrinho inicial.
"Pedrinho, O Pinguim" (Revista Mickey, no. 85, de 1959). Como quinto e último exemplo uma história, inspirada no desenho animado "Você Já Foi à Bahia" (The Three Caballeros), em sua parte "Aves Raras". Observe-se que no desenho animado original o pinguim chamava-se Paulinho e era friorento. Aqui o pinguim chama-se Pedrinho e quer conquistar uma namorada. Qualidade de desenho também excepcional.
"O Terror Dos Mares" (Revista Pato Donald, no. 302, de 1957). A seguir, para demonstrar outros tipos de trabalhos de Harvey, segue uma história de aventura com Mickey e Pateta, também com possível roteiro próprio. No quadrinho inicial, um ângulo de enquadramento inusitado, bem como ele gostava de fazer.
"Voar é pra Passarinho" (Revista Tio Patinhas, no. 170, de 1979). Neste exemplo acima, uma história cômica com Pluto, onde Harvey demonstra seu talento de desenhista e roteirista. Note-se o seu estilo que lembra um pouco Jack Bradbury, embora seja diferente nos enquadramentos, sua melhor característica.
"O Julgamento" (Revista Pato Donald, no. 2.164, de 1999). Aqui, um exemplo de história cômica com o Pato Donald onde pode-se observar que Eisenberg tinha competência para desenhar qualquer personagem da galeria Disney com perfeição.
"O Lobão E O Javali" (Revista Mickey, no. 74, de 1958). "A Ameixa Mágica" (Revista Tio Patinhas, no. 12, de 1966). Dois exemplos de histórias com os personagens Lobão, Lobinho e Três Porquinhos, muito desenhados por Harvey em sua carreira. Observe-se a qualidade do detalhamento das florestas, assim como, na primeira história a participação do Coelho Quincas. Sempre com roteiro próprio.
"Mel Sem Doçura" (Revista Pato Donald, no. 319, de 1957). "O Papador De Ouro" (Revista Pato Donald, no. 310, de 1957). Mais dois exemplos de histórias - em roteiro próprio - com outros personagens também muito desenhados por Eisenberg em sua carreira: o indiozinho Hawita e sua família. Essas foram histórias marcantes para os fãs Disney que puderam apreciar as revistas Abril dos anos 1950. Novamente a movimentação dos personagens é o ponto forte.
"Detetives Desnorteados" (Revista Pato Donald, no. 339, de 1958). "Árvore Modernizada" (Revista Pato Donald, no. 418, de 1959). Ainda dois exemplos de histórias - em roteiro próprio - com outros personagens que também foram muito desenhados por Harvey em sua carreira: os engraçados esquilos Tico e Teco. Também foram histórias marcantes para os fãs Disney/Abril dos anos 1950. Mais uma vez a movimentação dos personagens assim como o detalhamento dos fundos são o ponto forte. Duas curiosidades: a primeira história tem roteiro de Nick George (a única apresentada aqui que não tem roteiro próprio) e a segunda história foi usada em uma das questões da "Primeira Gincana Esquiliana".
"Capa Tico e Teco" (Revista Pato Donald, no. 283, de 1957), "Capa Tico e Teco" (Revista Pato Donald, no. 317, de 1957), "Capa Tico e Teco" (Revista Pato Donald, no. 372, de 1958), "Capa Tico e Teco" (Revista Pato Donald, no. 376, de 1959). Finalizando, quatro capas extremamente marcantes - todas com os esquilos Tico e Teco - apresentadas em revistas Pato Donald publicadas pela Editora Abril nos anos 1950. Harvey produziu uma grande quantidade dessas engraçadas capas com esses dois personagens, todas aproveitadas nas edições brasileiras.
Como foi dito no início, Eisenberg apresenta muita semelhança em sua carreira com John Carey, Jack Manning, Roger Armstrong e Kay Wright, porém seu traço é muito mais apurado. Além disso, como ele morreu em 1965 não participou da fase tosca que esses outros Mestres desenvolveram nos anos 1970.
Mesmo assim, cremos, que se fosse vivo nessa fase, Mestre Harvey Eisenberg - o "Gigante dos Quadrinhos" - nunca teria feito uma história com desenho tosco.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo