Os 12 anos que Roberto Fukue (Roberto O. Fukue) passou trabalhando na Editora Abril - de 1975 à 1987 - podem ser praticamente considerados os Anos de Ouro dos Quadrinhos Disney Brasileiros. Prova disso foram as parcerias que ele desenvolveu com roteiristas e outros Mestres, nessa produção, como veremos a seguir.
"Os Sete Supergolpes" (Revista Almanaque Disney, no. 41, de 1974). Aqui, um primeiro exemplo de história com o SuperPateta, em roteiro do excelente roteirista Mestre Ivan Saidenberg. Pode-se observar como Roberto apresenta um traço caprichoso, muito parecido com o de Paul Murry, criador desse super-herói (vide Características de Paul Murry).
"O Carteiro E O Ermitão" (Revista Almanaque Disney, no. 91, de 1978). Acima, um exemplo de história com roteiro do Mestre Oscar Kern. Desta vez com o Pateta em sua personalidade "normal" de trapalhão. Observe-se nesse caso como Fukue imprimiu seu próprio estilo, principalmente nos personagens coadjuvantes, respeitando porém as melhores influências recebidas dos mestres americanos originais.
"O Grande Kassim" (Revista Tio Patinhas, no. 167, de 1979). Neste exemplo de história, com roteiro do Mestre Primaggio Mantovi, pode-se notar como Roberto Fukue mantém a tradição das histórias de Mickey e Pateta (vide o carro amarelo), imprimindo todavia sua marca mais moderna, como pode ser observado no segundo quadrinho com bordas inusitadas.
"A Faz-Tudo-No-Lar" (Revista Almanaque Disney, no. 97, de 1979). Neste próximo exemplo, com roteiro de Gérson L. B. Teixeira, pode-se observar como Roberto desenha o Pardal com traço muito limpo. Observe-se o quadrinho inicial onde ele criou um enquadramento, como se o inventor estivesse sob o facho de um holofote de teatro. Técnica excelente para dar o devido destaque.
"Zé Das Filas" (Revista Zé Carioca, no. 1.493, de 1980). Aqui, uma história com o personagem Zé Carioca - com roteiro do Mestre Renato Vinicius Canini - onde Fukue demonstra seu estilo próprio, sem se deixar influenciar pelo estilo de Canini, que neste caso é apenas o roteirista. Fukue criou esta história com seu próprio traço.
"Um Roubo Vazado" (Revista Pateta (1ª. Série), no. 48, de 1984). Neste exemplo, com roteiro de Arthur Faria Jr., Roberto Fukue apresenta uma história cômica com o Pateta, onde pode-se observar a riqueza de detalhes do quadrinho inicial. Este é um exemplo onde, com o aparecimento do personagem Horácio, pode-se ver que ele nada fica devendo ao Mestre Gottfredson (vide Características de Floyd Gottfredson).
"O Passeio De Um Superpateta" (Revista Pato Donald, no. 1.292, de 1976). Acima, mais um exemplo de história com o personagem SuperPateta, desta vez com roteiro do Mestre Júlio de Andrade. De novo pode-se observar a "clareza e limpeza" do traço elegante de Fukue. Observe-se também a dinâmica imprimida na movimentação do personagem. Excelente domínio da arte dos quadrinhos.
"O Feitiço Das Manchas Na Cara" (Revista Tio Patinhas, no. 180, de 1980), "Viagem À Quarta Dimensão" (Revista Almanaque Disney, no. 75, de 1977), "O Saci-Pererê" (Revista Zé Carioca, no. 1.561, de 1981). Finalizando, três histórias novamente com roteiro do profícuo Mestre Ivan Saidenberg. No primeiro exemplo, uma história mesclando as personagens de origens diferentes: Maga Patalójika, Madame Min, Bruxa Má, Bruxa Vanda e Bruxinho Peralta. Aqui Roberto tem a oportunidade de demonstrar o seu domínio sobre qualquer personagem da Galeria Disney.
No segundo exemplo, uma história com o personagem Esquálidus. Não confundir esta história com "Perigo na 4a. Dimensão", desenhada por Luiz Podavin (vide Características de Luiz Podavin) e que vem a ser uma continuação desta. Mais uma vez Fukue demonstra que desenha - e muito bem - qualquer personagem que lhe seja apresentado.
E no terceiro e último exemplo, mais uma história com o personagem Zé Carioca, o mais querido da geração de Roberto Fukue, onde ele apresenta o papagaio em sua versão "moderna" de camiseta branca, sem terno e sem chapéu palheta.
Roberto O. Fukue é, sem dúvida, mais um dos nossos excelentes Mestres Disney Nacionais, que fez parte de uma equipe fantástica, como o demonstra os sete parceiros-roteiristas aqui apresentados (muitos outros existiram), e que deixou sua marca para sempre nas revistas Disney da Editora Abril: Anos de Ouro que se foram para não mais voltar.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo