Lista de Mestres   Biografia do Mestre

Ogle, Robert Allen


Ogle, Robert Allen
As histórias que marcaram a infância daqueles que cresceram lendo as revistas Disney-Abril tiveram, por trás dos desenhistas, roteiristas criativos (todos americanos nascidos na primeira metade do século XX), responsáveis por muitos dos sonhos e objetivos que nortearam as vidas dessas crianças de outrora.
Embora desconhecidos até agora, na verdade foram eles que expandiram a Galeria Disney criando novos personagens, criando personagens parentes dos já existentes e até criando vilões e inimigos inesquecíveis.
Também escreveram roteiros de histórias extremamente criativas, com muita ação, mistérios e comicidades, que marcaram várias gerações de leitores.
Esta introdução acima irá abrir o item de "Características" de todos os escritores e roteiristas das histórias em quadrinhos Disney, doravante aqui apresentados.
Bob Ogle é um deles! Produziu poucos roteiros publicados no Brasil, porém todos muito marcantes.

"Os Amigos Dos Ursos" (Revista Pato Donald, no. 742, de 1966). Neste primeiro exemplo, com traço de Tony Strobl, uma história cômica, criada por Bob, com o Donald, a princípio um piloto de avião requisitado e terminando com ele fazendo trapalhadas. Uma fórmula clássica.

"O Astronauta De Quintal" (Revista Zé Carioca, no. 741, de 1966). Outro exemplo, também com desenho de Strobl, onde quem faz as trapalhadas é o Professor Ludovico. Mais uma história cômica, desta vez como parte da sub-série "Álbum de Fotografias" (histórias que sempre começavam com os personagens olhando um álbum de fotos e contando uma história que passava a ser mostrada).

"O Sarcófago Misterioso" (Revista Mickey, no. 244, de 1973). Já neste exemplo, com desenho de Jack Manning (em sua fase tardia - e um tanto tosca - dos anos 1970), uma história longa e com roteiro bem criativo, onde Mickey enfrenta uma quadrilha especializada em promover a fuga para fora do país, de bandidos procurados pela justiça. Um tema um tanto denso que Ogle consegue trabalhar para o público infantil, entremeando com aspectos de comicidade.

"A Bruxa Adormecida no Bosque" (Revista Mickey, no. 161, de 1966). Mas foi em sua parceria com o desenhista Paul Murry que Bob Ogle produziu seus melhores roteiros. Aqui vemos como ele resgatou o vilão Mancha Negra - criado muito anteriormente por Merril De Maris, no traço de Gottfredson (vide Características de Floyd Gottfredson) - mas readaptado de forma menos sinistra. Neste caso ele ainda promoveu uma parceria inusitada do Mancha com a Madame Min numa história que termina com muitas risadas para os leitores, num estilo bem característico dos anos 1960.

"O Estranho Caso do Dr. Tictac" (Revista Mickey, no. 163, de 1966). Nessa história Bob Ogle criou um vilão diferente, o tal Dr. Tictac, e também fez uma mescla de personagens, misturando Mickey, Super Pateta e Gepeto (pai de Pinóquio), numa demonstração "sui-generis" de sua grande criatividade. Também trabalhou o suspense de forma magistral deixando o Pateta em várias situações difíceis perante o Mickey, ao ter que se esforçar para esconder do seu amigo rato, a sua personalidade de "super".

"A Marca Do Mancha" (Revista Mickey, no. 173, de 1967). Aqui, outro exemplo de roteiro bem elaborado de Bob. Mancha Negra foge da prisão de forma espetacular e não mede esforços para atingir seus objetivos de enriquecimento ilícito, mesmo que para isso tenha que promover uma guerra entre países, até então amigos. No entanto ele é enfrentado por Mickey, Pateta, Donald e Pluto que são recrutados pelo B. F. I. ("Bureau Federal de intrigas", uma paródia do FBI norte-americano) para essa missão. Os quatro são treinados e recebem armas não letais e equipamentos de última geração. Muita ação e reviravoltas.

"O Ladrão de Zanzipar" (Revista Mickey, no. 160, de 1966). E finalmente, a melhor criação de Bob Ogle: o surgimento do Super Pateta. Durante a década de 1960 a Disney achou interessante que o Pateta tivesse uma identidade secreta de super-ser, como os personagens de outras editoras. Essa missão foi confiada, primeiro, ao roteirista Del Connell que fez duas tentativas que não vingaram. Na primeira, Pateta pensa que é super, mas, na verdade não é, e na segunda, ele recebe energia de uma "super capa" supostamente inventada pelo Prof. Pardal, uma coisa meio sem sentido. Por fim, Bob Ogle assumiu esse serviço e criou a origem definitiva do Super Pateta utilizando os super-amendoins que misteriosamente nasceram no jardim do Pateta. Foi uma solução muito mais engraçada e mais "coerente", se é que se pode usar esse termo. Interessante também observar que os super-amendoins nascem no pé como frutas, quando na verdade amendoins são raízes.

E VIVA Bob Ogle! Com sua criatividade nos deu um super-herói que marcou as gerações passadas e irá ainda marcar as futuras.

Texto e pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo
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