Marco Rota é um dos melhores, ao lado de Vicar e William Van Horn, dentre os Mestres Disney que produzem histórias com os patos no estilo e no traço consagrados de Carl Barks, o Homem dos Patos. Rota porém, assim como Van Horn, escreve seus próprios roteiros, na maioria de suas histórias, tal qual Barks fazia. E, claro, as desenha... de forma espetacular!
"O Mistério da Carta Roubada" (Revista Mickey, no. 268, de 1975). Na história acima, com roteiro próprio, Rota apresenta uma história com Mickey e Pateta em que ele não se destaca em nada de outros desenhistas italianos, tanto no traço como no roteiro. Ainda não é o seu melhor exemplo.
"O Tesouro de Alexandre Magno" (Revista Mickey, no. 255, de 1974).Já neste outro exemplo, também com roteiro próprio, uma história aventurosa de Mickey e Pateta no melhor estilo tardio de Gottfredson (vide Características de Gottfredson). É Rota começando a mostrar sua melhor face: estilo e traço sensacionais.
"O Ajudante do Papai Noel" (Revista Tio Patinhas, no. 521, de 2008). E eis o primeiro exemplo de uma história com os patos, também com roteiro próprio, onde vemos claramente a influência do traço limpo e puro do Mestre Barks. Um roteiro natalino onde deve-se observar o quadro inicial da perspectiva da cidade coberta de neve e a introdução enquadrada em uma guirlanda. Como já foi dito à respeito de Vicar e Van Horn... um leitor desavisado pode imaginar estar vendo uma página de Barks.
"História e Glória da Dinastia Pato" (Revista Disney Especial, no. 100, de 1987). Acima, um exemplo de capa magistralmente desenhada por Marco Rota, feita especialmente para a série "História e Glória da Dinastia Pato". Observe-se a qualidade dos rostos dos vários personagens da família pato e a presença da Caixa-Forte de Tio Patinhas e do carro de Donald. Essa montagem tem sido muito usada em divulgações da Disney.
"Missão Impossível" (Revista Pato Donald, no. 2266, de 2003). Aqui um exemplo, com roteiro próprio, da maravilhosa série criada por Marco Rota, praticamente o melhor de sua obra, estrelada pelo personagem mais famoso que ele criou: Mac Donald, o "Pato Selvagem", o "Lord Escocês", antepassado do nosso conhecido Donald. Observe-se a influência no enredo das idéias de René Goscinny, criador do personagem Asterix: Donald é o equivalente à Asterix, João Grandão é o equivalente à Obelix, os piratas são os piratas e acabam naufragados e agarrados aos destroços, Donald canta mal - igual à Chatotorix - e é perseguido... e assim por diante. Mas, a qualidade dos detalhes dos antigos guerreiros... puro Barks! O desenho em si... sensacional... maravilhoso, como o de Barks. E o personagem não compromete a genealogia da Família Pato.
"Depósito Oceânico" (Revista Tio Patinhas, no. 124, de 1975). Neste exemplo, também com roteiro próprio, Marco Rota apresenta uma história onde a famosa Caixa-Forte do Tio Patinhas atinge tamanho inimaginável, como o próprio título demonstra: um depósito de dinheiro de dimensões oceânicas. E de fato, observe-se os patos velejando sobre o oceano da fortuna em moedas do pato mais rico do mundo. Note-se, em particular, nos frames acima... é preciso comentar a influência de Barks... mais uma vez?
"Esta é A Sua Vida, Donald!" (Revista Pato Donald Especial, no. 1, de 1984). E por fim, uma história controversa com roteiro e desenho de Marco Rota, contando o nascimento e infância de Donald. Como se sabe, Donald é filho de Hortência, a irmã "esquentada" de Tio Patinhas, que casou com Patoso, o nervosinho filho de Vovó Donalda e Tomás Reco. Porém, aqui Rota mostra Donald nascendo sozinho (vide acima ele recém saído do ovo) e sendo achado e adotado por Vovó Donalda e Tio Patinhas, que o recolhem em uma estrada, numa escura noite.
Apesar da origem totalmente arrevessada, observe-se o cenário "novaiorquino" do quadro inicial, retratando a cidade de Patópolis... desenho impressionante! Observe-se ainda o carro antigo de Tio Patinhas e o casal de velhos patos sob a luz dos faróis, recolhendo o pequeno patinho... estilo sensacional com economia de traços!
Assim como foi dito de Vicar e de William Van Horn, pode-se também dizer de Marco Rota: seria maravilhoso se ele desenhasse as histórias escritas por Don Rosa. Seriam verdadeiros clássicos geniais!
E fica a dúvida: entre Van Horn, Vicar e Marco Rota... qual é o melhor? Para evitar uma injustiça fica decretado... empate!
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo
Colaboração especial: Cláudio Jurischka
(Esquiloscans administrator)