Kay Wright, assim como seu contemporâneo, Jack Manning (vide Características de Jack Manning) trabalhou para várias Editoras e para vários Estúdios de Animação e por ter desenhado uma gama variada de personagens, seu traço - assim como o de Jack - seja um tanto quanto tosco. Ao menos no início.
Pelo mesmo motivo o estilo dos dois pode ser confundido.
"Um Delegado na Lama" (Revista Mickey, no. 122, de 1962). Acima, um exemplo de uma de suas primeiras histórias com os personagens Mickey e Pateta, de roteiro não creditado e supostamente de sua própria autoria. Observe-se a simplicidade do traço, que no entanto, apresenta ótima movimentação e bom detalhamento. Um pouquinho melhor que o estilo de Manning.
"O Artista do Fiasco" (Revista Pato Donald, no. 664, de 1964). Acima, uma história também com roteiro que pode ser do próprio Kay, apresentando os personagens Donald e Professor Ludovico Sabetudo. É uma história também de sua primeira fase, que foi muito produtiva, contando com inúmeros exemplos publicados em revistas da década de 1960. Observe-se a ótima perspectiva do quadrinho inicial. Wright desenha bem os patos, personagens que são mais difíceis que os demais.
"Esse Misterioso Doutor Xacrão" (Revista Almanaque Disney, no. 11, de 1972). "Piratas Toureados" (Revista Mickey, no. 222, de 1971). "O Misterioso Anel do Azar" (Revista Tio Patinhas, no. 84, de 1972). Aqui, três exemplos de histórias também com roteiros provavelmente de Wright, apresentando os personagens que ele desenhou muito na década de 1970: Super Pateta, Capitão Mobidique e Irmãos Metralha. Nessa fase ele demonstra um maior apuro no traço, distanciando-se da semelhança com Jack Manning. Observe-se principalmente a qualidade na história do Capitão Mobidique. Esse pato já merece um destaque especial em sua apresentação e talvez por esse motivo ele tenha sido escolhido para uma honraria como veremos a seguir.
"O Supercão dos Ventos Uivantes" (Revista Zé Carioca, no. 1.061, de 1972). "A Grande Lição" (Revista Pato Donald, no. 1.066, de 1972). "O Dia Em Que a Montanha Tremeu" (Revista Tio Patinhas, no. 92, de 1973). Finalizando, apresenta-se acima três exemplos do melhor da produção de Kay Wright. Tratam-se de histórias com Huguinho, Zezinho e Luisinho em suas aventuras como Escoteiros-Mirins. Acontece que nesses casos, Kay Wright foi honrado ao ser escolhido para desenhar essas e outras histórias semelhantes pelo motivo dos roteiros terem sido escritos pelo Grande Mestre Carl Barks. Aconteceu que Carl Barks, quando se aposentou, foi persuadido a produzir mais algumas histórias abordando os Escoteiros-Mirins. Cansado, ele concordou, mas colocou a condição de apenas escrever os roteiros e não mais desenhar. Os Editores atenderam seu desejo e Kay foi um dos privilegiados escolhidos para desenhar essas histórias.
Só por esse motivo Kay Wright já mereceria ser classificado como um destacado Mestre Disney, não tivesse sido ele um esforçado, dedicado e profícuo artista da Arte Sequencial.
Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo